segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Esparto

Nunca tentes fazer,
Coisas que não gostas
Muitas vezes subi e desci a Gardunha
Com um molho de esparto às costas.

José da Encarnação

Foto : Seira - Esparto, Serra da Gardunha ,Alcongosta


Matéria-prima.
Esparto. Do latim spartum. Planta herbácea, da família das gramíneas – stipa tenacíssima. Os caules são a matéria-prima que ao longo dos tempos tem sido usada no fabrico de seiras, capachos, vassouras, cestos, etc. Daí também a designação de esparteiro (a) – de esparto+sufixo eiro. Pessoa que faz obras em esparto. Nasce espontaneamente em vários pontos do país, um deles é a Serra da Gardunha, é precisamente neste local que é colhida pelo “nosso” esparteiro, José da Encarnação.
Foto : SEIRA  .Esparto , Serra da Gardunha

O esparto é colhido verde, pela manhã, muitas vezes, antes “do nascer do sol”, primordialmente nos meses de Julho e Agosto. Em tempos idos, a deslocação para o local da “apanha” implicava andar vários quilómetros a pé, da aldeia Alcongosta até ao local da recolha, bem no cimo da serra. O regresso, também a pé, era feito carregando um molho de esparto. Tempos difíceis, que “Zé da Encarnação” não esquece e dos quais fala com alguma nostalgia.
Foto : SEIRA. Arte de colher o esparto.
Foto : SEIRA. Colhendo esparto.
Foto: SEIRA
Não basta colher e transportar, esta gramínea só está pronta a ser trabalhada, moldada, pelas mãos do artesão depois de bem seca, por isso, a fase que se segue é a de “esticar e estorricar “ durante alguns dias o esparto ao sol, “para secar bem e não ficar quebradiço “.
Foto : SEIRA.
Agrafado: Pequeno molho que se vai deixando pelo caminho que se percorre na colha. No regresso recolhe-se, cerca de doze agrafados fazem um molho.


Foto: SEIRA


Acompanhando o artesão, recentemente, na colha do esparto, na Gardunha, constatámos mais uma vez o quanto adora esta actividade e como valoriza a subida à serra, a par do ar puro que se respira, há mais luz, mais mundo, mais vida, uma alma nova nasce e cresce a cada dia passado no alto da Gardunha.
 Por mim, senti algo de mítico, um profundo sentimento de liberdade e de comunhão com a natureza de que não me lembrava há muito tempo. Será este o segredo da sua juventude?

Foto: SEIRA

L.Sérgio



 


Nenhum comentário:

Postar um comentário